segunda-feira, 2 de agosto de 2010




Alice andava distraída pelo seu país, conversando  com o chapeleiro. Falavam sobre tudo, o tempo todo, o mais interessante é que nada dito por eles era considerado um absurdo por ambos, afinal, tudo era possível no país das maravilhas.
Enquanto caminhava, observou uma trilha desconhecida por entre as árvores.
- Você quer seguir por ela? – perguntou o chapeleiro
- Sinto vontade, mas não sei se deveria – retrucou Alice pensativa.
- Me diga porque quer entrar e saberemos então se vale a pena!
- Não sei, apenas sinto vontade, algo me instiga a saber o que tem ao fim da trilha – se é que ela tem fim!
- Ter vontade de algo já é um primeiro passo para queremos fazê-lo! Não é fascinante? Ter vontade de fazer alguma coisa é nada mais que fascinante para mim!
Alice sorriu ambiciosa por uns instantes e lançou um olhar afirmativo ao chapeleiro. Antes de mergulhar pela trilha, hesitou um instante. Será que deveria?
- Ora vamos cara Alice! – dizia o chapeleiro no auge de sua euforia, balançando as mãozinhas indicando que Alice fosse em frente.
Ela então respirou fundo e abriu um sorriso largo: - Te vejo depois! – E adentrou a floresta seguindo pela trilha curiosa.
Pelo caminho, haviam flores, muitas delas, principalmente rosas, vermelhas e triunfantes. Aquele cheiro delicioso que inundava as narinas fazendo que se houvesse cada vez mais vontade de ir em frente, de não parar! O coração estava sim disparado, um pouco de medo, ansiedade, mas que não deixava que seus pés parassem de caminhar.
Até que ouviu adiante um ruído. Parecia metal sendo polido, ou afiado, e quanto mais andava, mais o ruído aumentava.
Avistou algo brilhante depositado sobre uma pedra, e ao chegar perto, notou ser uma armadura. Brilhante e prateada, não havia como não parar para admirar.
- Engraçado – pensou Alice – o Glorian´s Day já foi há muitos meses, e que eu me lembre, minha armadura não era assim, e também não sei de mais ninguém que use uma armadura por aqui...
Então num susto, ouviu uma voz masculina as suas costas:
-Bonita não é?
Em um pulo e com o coração na garganta, Alice se virou tão bruscamente, que precisou se apoiar na pedra para não cair. Então avistou um homem, aparência tão jovem quanto a dela, loiro, olhos verdes, tão brilhantes quando emeraldas e sorria tão docilmente que não havia como retribuir.
- Quem é você? O que faz aqui?
- Não fica claro? – disse o jovem sorridente apontando a armadura com a ponta da espada – sou um cavaleiro andante!
- Cavaleiro? – Alice riu por uns instantes – desses que salvam donzelas em torres e coisa parecida?
- Ora, porquê não?
- Hmm... não sei porquê não estou surpresa...
- Talvez – disse o jovem ainda sorrindo – porque tudo seja possível quando você acredita...
Os dois se encararam por uns instantes. Era tão bom olhar aqueles olhos de esmeralda!
Como seria o nome dele? Será que era tão inteligente quanto aparentava? E onde ela estava afinal? Havia andado tanto que já não sabia se estava no seu mundo ou se tinha desviado para outro lugar qualquer...
- Gostaria de dar uma volta?
- Bem... porquê não? – Respondeu Alice num risinho desconfiado.
- Vamos Alice, você vai gostar...
- Como sabe meu nome?
- Existem muitas coisas que eu sei sobre você – e sorriu abertamentamente.
- Bem, e o seu nome, qual é afinal?
O jovem sorriu, olhou para o chão em busca de algo, apanhou uma rosa e entregando a ela disse:
- Muito prazer... Dom Quixote!

2 comentários:

Du disse...

Lindo texto!
Vc escreve muito e ta escrevendo cada vez melhor heim?

Bjo lozinha
=*

Tiago disse...

Quando La Mancha e o País da Maravilhas se juntam no mesmo plano,tudo passa a ser possível,até mesmo as complicações descomplicadas de Alice e Dom Quixote,com o fôlego renovado e novas cores em ambos os mundos as aventuras prometem ser mais encantadoras do que nunca,afinal,só mesmo uma sonhadora para fazer par com um cavaleiro das causas perdidas.Beijo Linda,ótimo o seu texto.