quarta-feira, 10 de agosto de 2011



Alice acordou cedo, morta de fome. Olhou no relógio, ainda eram 5 horas da manhã. Plena madrugada. Com muita resistência em levantar, pois estava morrendo de sono e sua cama estava deliciosamente confortável, perambulou pela casa com as luzes apagadas até a cozinha em busca de algo para comer.
Chegando lá, observou que em cima da mesa havia um único pedaço de bolo. O pegou e foi comendo pelo caminho até sua cama, a qual deitou e dormiu por mais algumas horas.
Quando acordou, o dia estava ensolarado e limpo. Com tantas coisas pra fazer, pensou que seria uma pena desperdiçar aquele dia lindo com afazeres, mas alguns sacrifícios precisam ser feitos se queremos obter resultados. Resolveu então sacrificar o dia, tinha muito que fazer.
Quixote apareceu e foi até o quarto. Percebendo que Alice não estava, retornou para o jardim.
Ela o viu passar e não cumprimentá-la, entretanto imaginou que poderia estar distraído pensando em seus afazeres. Quixote também tinha muito que fazer durante aqueles dias, e sempre que Alice podia, conversava com ele sobre isso, ajudava a tomar decisões entre outras coisas.
- Olá Quixote! – Disse Alice sem obter resposta. Estranhou mas deixou passar, ele andava tão preocupado que era compreensível sua distração.
Quixote então começou a trabalhar em seu novo projeto pelo jardim e Alice ficou a observá-lo.
- Quer ajuda? – Outra vez Alice não conseguiu resposta alguma.
- Quixote! Estou falando com você! – E nada dele demonstrar ouvi-la.
Estranhando sua distração, Alice foi chegando perto dele e notou então como estava diferente.
Ela estava pequena! Do tamanho de uma formiga! Haveria sido culpa do bolo ou Quixote realmente não a notava por estar absorto somente em suas preocupações?
E como faria Alice então para ser notada por ele? E ele não havia nem sentido a falta dela... Em outra ocasião ele no mínimo a teria procurado! Uma mistura de sentimentos envolviam Alice.
Se sentia indefesa, incapaz, completamente esquecida. Estava triste e com raiva.
Foi quando teve uma idéia. Se aproximou de Quixote e mordeu-lhe a perna. Devido à dor, Quixote gritou e a jogou longe, machucando-a.
- Malditas formigas! – resmungou Quixote esfregando a perna para amenizar a dor.
Quixote não a via. Nem na sua tentativa de ser notada. Às vezes, ferimos alguém sem querer, apenas para dizer-lhes que estamos ali, que queremos ser vistos, notados, e quando tentamos de outra forma e falhamos, apelamos. Estamos pedindo para ser amados e cuidados.
Hey Quixote, você poderia me ver? Poderia cuidar de mim sem eu pedir?
Poderia... ?