terça-feira, 21 de dezembro de 2010



- Porque você está fazendo isso? Porque está me pedindo pra partir, pra ir embora da sua vida, pra abandonar tudo? Não era o contrario que você queria?
- Era, até você estragar tudo.
Alice e Quixote discutiam por dias, horas e horas a fio, ela tentando explicar, ele tentando entender. As vezes, ela tinha a impressão que por mais que falasse não saía do lugar.
E ele, não deixava de ser egoísta nem nesses momentos. Ele queria falar com ela, porque ele estava desesperado, por uma besteira enorme que ele havia feito, e agora queria de qualquer maneira que ela o aceitasse de volta em sua vida.
Alice estava tremendamente magoada, decepcionada e muito, muito machucada. Cada vez que lembrava respectivas cenas, seu estomago embrulhava e ela não sabia se chorava ou ria.
- Mas eu aprendi a lição! Eu li o livro que você me deu!
- Antes mesmo de você ler o livro eu já havia conversado sobre o assunto com você, mais de uma vez. Você dizia que me entendia quando na verdade não entendia nada e continuava pisando na bola comigo. Agora não tem mais jeito, eu não consigo mais pensar em você sem lembrar de tudo várias e várias vezes!
- Eu sei que está magoada, eu entendo. Não pode me dar outra chance?
- Mais chances do que as que eu dei? Francamente!
- Mas eu estou fazendo tudo o que você quer!
- É está... agora que me perdeu e está desesperado pra me ter de volta...
-  Você não pode reconsiderar?
Alice olhou para ele boquiaberta. Uma fusão de ódio, raiva, mágoa, decepção, angustia e mais um monte de coisas preencheu seu peito. Os olhos encheram de lágrimas e ela abaixou a cabeça e a balançou para os lados de maneira negativa enquanto as lágrimas pingavam.
Quixote a olhava com os olhos também marejados sem saber o que mais poderia fazer. Pegou sua espada e sua armadura e enquanto se virava lentamente ouviu Alice sussurrar:
- Porque você tinha que estragar tudo?
...



Alice correu a manhã toda em busca da toca do coelho, para que pudesse se atirar nela novamente e se esconder ou ir parar em algum lugar qualquer que não fosse ali.
Estava cansada, definitivamente de saco cheio de tudo e de todos. Quanto mais pedia para ficar em paz, mais atormentada era. Afinal de contas, porque as pessoas acham que para ajudar elas precisam necessariamente fazer alguma coisa? Às vezes, só de não fazer nada, já é absolutamente eficiente. Era o que queria. Queria ficar em paz, e sozinha.
Ficar sozinha não é ruim, mas as pessoas associam solidão a algo ruim, trágico, depressivo, o que não significa necessariamente que seja.
Mas onde estava aquela maldita toca? Pensava que por muito tempo gostaria de ficar ali quando na verdade o que mais queria era ir embora.
Fugir da pressão de todos, o ar tinha cheiro de hipocrisia, as rosas haviam morrido e ela estava novamente sozinha.Tudo o que sabia, era que ainda não havia encontrado o que estava procurando.
Derrotada, se sentou em baixo de um salgueiro em silêncio, e ficou, olhando o nada. O chapeleiro que passava por ali, ao ver Alice, se aproximou e perguntou – Alice, o que está fazendo?
Alice lhe lançou um olhar sem vida e num sussurro baixo respondeu  - Preciso ir embora daqui. Estou desesperada. Não agüento mais.
O chapeleiro olhou com compaixão pra ela e respondeu  - “Você bem que podia ficar...”
Alice olhou para o chapeleiro e lhe lançou um sorriso triste dizendo –  Desculpe... em todos esses anos, ainda não encontrei um bom motivo para ficar...

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

22


A vida é como música na minha concepção. E cada ritmo faz surgir uma explosão de imagens, sensações, sentimentos, desejos entre muitas outras coisas que podemos expressar.
Sempre que escuto alguma música que mexe com meus sentidos, minha vida passa em minha cabeça como um filme, e eu lembro de várias cenas, boas e ruins, e o quanto eu mudei a medida que o tempo passou. Sei que a base continua a mesma, a fôrma é a mesma, mas o recheio, passou dos sabores mais picantes aos mais adocicados, e hoje eu só sou quem sou por tudo o que eu passei.
Devo isso a muitas pessoas, que me fizeram passar por esses momentos bons e ruins, mas principalmente devo a mim mesma, por ter tido a coragem de viver cada um deles, com intensidade, com vontade, e mesmo quando incompreendida nunca deixar de seguir, e mesmo quando compreendida, nunca me acomodar.
Sei que já houveram situações que errei amargamente e todos viram, e situações que acertei com glória e ninguém reconheceu. Mas isto também é vida, é saber superar as frustrações, assim como a psicologia.
Hoje, no início dos meus 22 anos eu ainda quero conquistar o mundo. Eu quero viajar e conhecer lugares diferentes com as pessoas que eu mais gosto, e assim ir conhecendo mais pessoas e mais pessoas, porque eu amo viver. Eu quero um dia ter coragem de voar de asa delta e pular de pára-quedas com uma música de fundo bem animada, e toda vez que eu a ouvir me faça ter a sensação de estar vivendo tudo de novo.
Eu queria apagar algumas lembranças ruins, mas assim como eu quero eu também sei que não posso, pois de alguma forma aprendi com elas e elas fazem parte do que eu sou. Mas principalmente, quero levar as lembranças boas, a todos os lugares, e mesmo me lembrando delas com carinho, e sentindo uma saudade triste, pois é algo que eu sinto falta, eu jamais quero esquecer ou deixar de pensar.
Obrigada a todos que fizeram e fazem parte dos meus 22 anos.  Eu não estaria aqui sem as mãos que se estenderam a mim e me ajudaram a subir a montanha da vida que eu me encontro agora. E espero que fiquem comigo. Há ainda muito o que escalar, e quero fazer isso com vocês!