“Ele entrou eu estava ali ou será que fui que ali entrei?”
Bom, eu talvez nunca saiba, talvez não tenha importância. Eu
o vi, ele me viu.
No começo, trocas de olhares, piadas pra quebrar o gelo, e o
tempo. Até o dia que as mãos se encontraram e os dedos se entrelaçaram e sem
abrir a boca conseguimos dizer “Hey, eu gosto de você”.
Os combinados de se encontrar as escondidas, como dois
adolescentes aproveitando a vida, os beijos trocados com vontade, os toques, os
detalhes, o cheiro das rosas, as cartas... poemas de amor.
Sim, é verdade eu assumo, ele toca meu coração, ele faz
parte de mim. Mas não é fácil às vezes. Brigas bobas por coisas pequenas que
ficam grandes, o ciúmes somado ao medo de perder e a perda vinda, para em
seguida minuciosamente se trabalhar a reconquista daquele coração partido. O
meu coração partido, o coração partido dele.
E mais uma vez o tempo pra curar. E os olhares, aquele
sorriso cafajeste a meia boca, a
intensidade do toque, mais rosas, mais cartas.
Bons tempos. Tempo que escreve a minha história, que escreve
a história dele, que escreve a nossa história aguardando o final feliz.
É verdade, não sou nada paciente, tenho passado a vida
tentando aprender a ser, pois as situações que a vida pré-dispõe para mim
exigem isso. Situações que marcam, que jamais serão esquecidas, que fizeram
chorar e que mais uma vez o tempo aparece exigindo de mim paciência.
E eu fico aqui, esperando, pacientemente um sinal, uma
resposta, um caminho. E fico aqui com saudades do toque, do cheiro, do sorriso,
das conversas e de todas as coisas tolas julgadas pelo mundo que para mim
possuem imenso valor.
E sou julgada, esculpida, declamada, possuída, bebida e
devorada pelos que assistem de fora e nada entendem e terminam por me julgar.
Vem conversar comigo? Depois disso te dou o direito de ter a
sua opinião a meu respeito e as coisas que fiz e que faço. Mas me julgar?
Bom, me julgar é algo que somente eu posso fazer.