quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Um pouco sobre Alice


Às vezes eu acho mesmo que deve ser muito difícil alguém se relacionar comigo. 
Por mais que me digam que não é, a explicação que tenho é obviamente a de uma boa romântica que acredita que o amor rompe qualquer tipo de barreira, entre elas, claro, não desistir de me amar.
Suponho que me amar seja parecido com o filme "Como se fosse a primeira vez", onde a pessoa precisa todos os dias estar me conquistando, e me dando também motivos para amá-la. Preciso me sentir segura, me sentir confortável, para sair 
de meu casulo e mostrar minhas lindas asas coloridas, muito, muito frágeis. 
Sou feita para se admirar com cautela e à distância. Se você chega muito perto eu fujo, se percebo muitos olhares em minha direção, me escondo. Preciso de uma abordagem leve e sutil, não gosto de ser pressionada e enfim... tenho muitas, muitas exigências. A verdade mesmo é que as vezes eu não gosto de ser quem eu sou. Me odeio por ter certos tipos de comportamento, sou ansiosa, um pouco exagerada e muito confusa. Pra lidar comigo tem que ter muita paciência e não pode se ferir com facilidade pois, eu firo os outros sem querer. Minha sinceridade é minha armadura e nem sempre isso é bom.
Fico impressionada com os que não cansam de mim, e não desistem de lutar por meu amor.
Afinal, eu não passo de uma garota perdida, antes por destino, agora talvez por opção? 
Não gosto quando o mundo gira muito rápido, eu não consigo pensar direito.
Só sei que as vezes, gostaria de ser diferente, gostaria que fosse diferente.
Certas coisas precisam mudar...

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Barquinho de Papel




Alice estava deitada embaixo de um pé de Lichia, curtindo a sombra e o vento fresco que a natureza lhe proporcionava.
Fazia muito calor, e Alice sofria muito com esse tipo de clima. Ela gostava pois o sol iluminando, dava vida as coisas,
deixava tudo lindo e colorido, mas ao mesmo tempo o frio, nublado e cinza já estava fazendo falta. Mesmo que deixasse tudo aparentemente mais triste, ela preferia dias nublados.
Se colocou então a pensar na vida, quanta coisa tinha acontecido... Havia ido parar em outro mundo onde não conhecia ninguém e conservava apenas velhos amigos. Ficava só a maior parte do tempo, sua casa estava de ponta cabeça, não havia espaço se quer para ela mesma. Isso sem falar nos compromissos e responsabilidades que iam crescendo cada vez mais.
Toda aquela solidão pra fazer algum sentido tinha que vir acompanhada de outras coisas, uma completude, como peças de quebra-cabeças que conseguem se encaixar. A escolha de ficar sozinha e a solidão por si só já não fazia mais sentido.
Estava sentindo falta de sua antiga vida e de todas as pessoas que faziam parte dela, isso incluia é claro, Quixote.
Olhando o céu e observando as formas que as nuvens faziam, foi lembrando tudo o que já havia vivido com ele desde o começo em todo aquele tempo. Os ensinamentos, as risadas, os passeios, as brigas, os medos sempre tão presentes, e tudo mais
que lhe lembrava aqueles olhos verdes.
Então num rompante, pegou um lápis e um pedaço de papel e escreveu:

" Estou sentindo falta desses olhos verdes e do frio na barriga que me dava olhar para eles a me admirar.
Falta do seu sorriso bobo e das cartas que só você sabe escrever pra mim...
Será que conseguiremos resolver esse problema e continuar mantendo o equilibrio?"


Dobrou em formato de barco e o colocou sobre o riacho ali perto. A água corria com vontade e ela tinha certeza que em instantes Quixote estaria lendo seu recado.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011




Alice se sentia insatisfeita. Assim que abriu os olhos naquela manhã, o sentimento de insatisfação encheu seu peito e não foi mais embora. Começou a pensar na vida pra tentar entender porque se sentia assim. Foi juntando os fatos e notou que, com a vida como estava, toda bagunçada, era impossível não se sentir daquele jeito.
Entretanto, viu algo mais. Viu que sempre que dizia que pretendia ficar só, nunca ficava. Parecia que seu corpo possuía algum elo magnético que fazia com que as pessoas grudassem ainda mais nela e a sufocassem ainda mais, e ela ia agüentando aquilo mais e mais porque não gostava de ser desagradável.
Foi então que num estalo, percebeu seu erro. Estava exatamente aí, na sua cara o tempo inteiro. Alice se sentia assim, pois sempre que fazia algo nos últimos tempos, fazia mais pelos outros do que por si mesma.  Não que não gostasse, gostava sim. Mas fazer o mesmo sempre acabava ocupando um lugar de obrigação na sua vida, não de escolha.
Faltava isso. Faltava a liberdade de escolher o que gostaria de fazer sem interferências, sem a preocupação que magoaria ou não alguém. Estava pensando muito nos outros e pouco em si mesma. Desde o inicio do ano havia traçado um rumo para sua vida que insistia em se desviar do caminho, e agora isso já não agradava mais.
Respirou fundo, fitou seus pés e lançou um olhar distante.
Era preciso muita força de vontade pra conseguir o que queria. Era preciso mais que isso.
Era preciso coragem.