quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Mia


Ainda me lembro quando andava vagando pela a rua e a vi, pequenininha e suja em frente a um terreno baldio. Seus irmãos estavam ao redor e fugiram assim que notaram a minha presença estranha. Fui me aproximando devagar, mas ela não se mexeu. Me agachei e a peguei no colo para ver seu rosto miúdo mais de perto. Os olhinhos mal abriam, estavam sujinhos assim como ela. O pelo colorido, crespo da poeira da rua misturados com a água da garoa fina da chuva que caía. Por não ter fugido logo vi que estava meio debilitada, mas quando vi que se tratava de uma fêmea, coloquei-a devolta no chão e resolvi pensar melhor. Minha família odiava gatos, e por ser fêmea, ia ter todo o problema do cio. Enquanto pensava, minha pequena resolveu atravessar a rua e uma Kombi veio em sua direção. Saí correndo e a tirei do meio da rua antes que a Kombi resolvesse passar por cima dela, sem nenhuma piedade. Meu coração estava na boca. Olhei novamente para a pequena e resolvi leva-la comigo. Se eu a deixasse, ela ia morrer.
Ela miou o caminho de casa todo, e por esse motivo, resolvi batiza-la de Mia.
Minha pequena Mia. Tomei todos os cuidados necessários assim que cheguei em casa, a limpei, alimentei, fiz uma caminha para que ela pudesse descansar. Convenci meus pais a me deixar ficar com ela, dei banho e vacinei. Era o amor da minha vida.
Me dediquei mais do que podia para cuidar dela. Me lembro de uma vez em um dia de chuva forte, como ela ficou desesperada. Saí correndo no meio da tempestade para “salva-la”, e consegui, em meio aqueles raios e trovões ela tomou coragem e veio correndo ao meu encontro.
Sentia seu pelo quentinho nos meus pés quando eu dormia, e sempre deixava uma fresta da janela aberta para caso ela quisesse sair.
Um dia, 24 de setembro de 2008, ela resolveu sair.
E não voltou mais.

sábado, 12 de setembro de 2009


"Existem momentos na vida da gente, em que as palavras perdem o sentido ou parecem inúteis, e, por mais que a gente pense numa forma de empregá-las elas parecem não servir. Então a gente não diz, apenas sente."


Sigmund Freud