Era
uma vez uma amiga. Daquela, pra todas as horas.
Por
mais estranha que fosse ela sabia ser amiga, coisa que atualmente anda difícil.
Essa
amiga tinha um amigo. Ou ao menos julgava ter.
Ela
realmente amava este amigo, o julgava seu melhor amigo.
Dava
conselhos, engolia sapos (céus, quantos sapos!), tentava insistentemente marcar
visitas que não aconteciam (anos de insistência), chorava quando brigavam,
pedia para ele poupá-la de certos transtornos entre outras coisas.
Não
duvidava que ele fosse capaz de fazer isto por ela, embora ela fizesse tudo com
um afinco imenso. Mas esse amigo parecia não perceber seus esforços.
Estava
tão cego por coisas inúteis, até mesmo egoístas, mesmo que fosse sem querer,
ele a magoava. O pior é que magoava com coisas que já haviam conversado mais de
uma vez.
Então
a amiga começou a sentir-se idiota. Quem não se sentiria em seu lugar?
Começou
a perceber que não havia via de mão dupla na amizade. Ela era intensa demais,
enquanto ele... bom, ele estava cego, acomodado a situação talvez.
Claro
que também era erro dela. Criava expectativas demais acreditando que ao
conversar com ele, ele ficaria do lado dela. Ah, as expectativas, sempre as
culpadas de tudo...
Então
aquela mágoa começou a virar um nó no peito, como um novelo de lã que se perde
a ponta e já não se sabe aonde seria o começo o meio e o final.
Chegou
à conclusão que não era só uma amiga. Era uma amiga idiota. Lutava, suava e
chorava sem desejar nada em troca e quando pedia pequenos favores, eram
esquecidos com tamanha facilidade quanto ela.
Chegou
à conclusão que era hora de parar, parecia estar lutando por uma causa perdida.
Chegava de ir atrás de ajudar quem deixava claro não querer ajuda, chegava de
conversar, de chorar pedindo pra ele, por favor, tomar cuidado com as atitudes
e palavras.
Estava
cansada de discursos como “não é porque gosto de você e é minha amiga que
preciso citar seu nome ou falar com você 24h por dia”.
No
fundo, tudo o que ela queria, era um pouco mais de consideração, e percebeu que
isso não existia. Sua foto não estava em seu álbum por um desejo natural. Assim
como tudo que a envolvesse, ela precisava pedir “poxa, coloca uma foto nossa
lá!”.
Por
que era diferente com outras pessoas? Aliás, ultimamente estava colecionando
muitas mágoas. Só não imaginava ter mais esta pra colocar na estante.
Enfim,
havia cansado. Ainda doía, claro que doía, era humana, era intensa, amava
aquele babaca.
A
conclusão final? Simples.
Não
a deixe partir, ela pode nunca mais voltar.Como ela, existem poucas e o pior, é
que você sabe disso.