sexta-feira, 10 de julho de 2009



Devagar morre, tua ausência em mim.
Devagar soletro as palavras da aurora de uma vida de espera, de ilusão.
Caio em pranto e minha agonia permanece, em meio ao vão, escorre pela sarjeta da vida levando tudo o que um dia eu senti e quis viver.
Pelos meus olhos, desfalece minha alma, e nas volúpias de um último suspiro a tristeza cresce. Esparça a dor pelo meu corpo, e os sons da sua voz me invadem com um último adeus. Fecho em punho a mão e baixo os olhos. Meus cabelos cobrem minha face e escondem minha dor. Meu corpo treme. Meus pensamentos vagam pelas aldeias do destino procurando um lugar seguro para se instalar.
Será que existe?
Quem me vê sorrindo não imagina a dor que existe em mim. Ela mora em mim... a muitos e muitos anos. O Crepúsculo invade meu sorriso e me domina. Meus versos, surdos, já não atingem mais seu coração e o descompasso me desespera.
Inútil! Inútil!
Tão invísivel quanto sempre fui, propago o que resta de mim em meio a vida que existe em ti. Leve com você o sonho bom que eu fui um dia. Leve o sorriso, leve o toque, leve o amor.
Tudo que um dia existiu em mim, agora é teu.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Ipê Amarelo


Estava em casa, só. A noite estava fria, muito escura.
O tédio de não ter o que fazer me incomodava. Olhei pela sacada do meu quarto, a cidade iluminada la fora e nem pensei duas vezes. Vesti meu sobretudo, peguei meu cachecol, e saí. Andava devagar pela calçada, pensando na vida. Em tudo aquilo que um dia eu construí, cuidei... tive medo de perder e perdi. Pensei em todo o meu esforço, que parecia ser tão pouco aos olhos do outro, tão insignificante, indiferente...
Tudo aquilo que eu fiz pra não perder as pessoas que eu amava de nada me valeu, porquê pra elas não era suficiente e foram embora mesmo assim. Umas disseram adeus. Outras, até hoje não sei. Todos os dias uma esperança morre. E eu já aprendi, não adianta, por mais que eu tente, não consigo ser fria.
Você não está aqui comigo agora. Todas as noites eu te espero em vão. Choro em silêncio a tua falta. A falta que eu não devo fazer na sua vida.
Cheguei ao parque perto de casa depois de um certo tempo andando e conclui que eu havia feito a escolha errada. Apesar de ser bonito, muito bem iluminado, vários casais passeavam por lá. Dei um sorriso sem graça pra um deles que passava perto de mim. O meu sorriso tão triste, tão sem graça...
Sentei em um dos bancos, em baixo de um ipê amarelo. Apesar do frio, ele estava florido, tinha coberto o banco e o chão com seu tapete de flores de petálas amarelas. Peguei uma das flores caída ao meu lado e pensei: " Será que eu deveria tentar aquela brincadeira boba e infantil?", imaginando se brincar de " bem-me-quer ou mal-me-quer" mudaria algum dos fatos da minha vida. Olhei a flor por alguns instantes. Tão doce, tão bonita, tão frágil..."Não..." pensei comigo. "Não adiantaria. Eu só estária destruindo a beleza da flor em troca de saber a resposta de algo que eu já sei... e que não pode ser mudado."
Coloquei a flor vagarosamente aos pés da árvore a qual um dia pertencera, e voltei para casa.
Não posso mudar minha história.
Meu caminho, já está traçado.