domingo, 10 de outubro de 2010




Quixote a segurou pela mão e disse “Vem comigo, quero te mostrar uma coisa”. Alice segurou firme e foi seguindo logo atrás dele. Já era noite e ventava muito. Enquanto seguiam pela trilha, Quixote ia à frente guiando Alice, a única luz que possuíam era a da lua e estrelas sobre as cabeças, que ia iluminando o caminho à medida que avançavam.
“Aonde está me levando?” perguntou Alice enquanto se concentrava em não tropeçar e cair.
“Você verá, é logo adiante”, respondeu Quixote dando uma apertada leve em sua mão.
Caminharam alguns minutos, Quixote seguia seguro a frente, enquanto Alice apertava sua mão e ia pulando pedras e galhos que entravam no caminho.
“Chegamos”, disse Quixote se virando para ela.
Alice ficou maravilhada. O lugar era lindo. Uma mesa grande de centro, com dois bancos e uma árvore, enorme, que cercava tudo. Ao lado uma trilha de pedras, e uma casa, que parecia abandonada, mas estava bem cuidada.
“Que tal?” perguntou Quixote sorrindo.
“ É lindo!” respondeu Alice, toda boba.
“Achei sua cara... estava vagando esses dias e encontrei esse lugar... a trilha, a mesa, tudo, tudo se parece com você... e olha o céu, como está lindo hoje...” À medida que Quixote falava, seus olhos brilhavam, a intensidade da voz, os movimentos, tudo se voltava para Alice.
Não precisavam de mais nada. Já tinham tudo o que precisavam. O lugar era perfeito, e um tinha ao outro, e se completavam, cada vez mais. Aposto que se Alice tivesse imaginado que seria tão bom estar com ele, não teria se sentido tão amedrontada. Mas, Quixote sabia como ela era, já a vinha observando a muitos anos, e sabia o quanto ela havia sofrido por confiar demais nas pessoas. Hoje, ele tinha a confiança dela, total, plena e absoluta, e tinha o amor que ela tinha pra oferecer.
Ele mesmo dizia que não seria tolo o suficiente pra perdê-la, pois ela era sua vida, era algo que tinha demorado a conquistar, que sabia o valor que tinha.
Alice às vezes ficava desconfiada, distante, parecia não acreditar em seus olhos à medida que as coisas se encaixavam com perfeição, mas assim que via que era real, não podia evitar ficar boba por ele...
Ficaram juntos ali, o resto da noite, vendo estrelas, vendo o céu, observando a mancha fina que estava a lua, que com toda certeza, certeza de Alice, nada mais era o sorriso do Gato Risonho aos observar...