terça-feira, 5 de julho de 2011






Alice andava chateada. Os tremores, aqueles malditos tremores que pareciam não passar nunca! Acalmavam durante alguns dias, mas depois vinham com o dobro de força e tudo o que Alice reconstruía enquanto ele cessava, tornava a ficar destruído. Aquilo tudo estava mesmo muito cansativo.
Quando não agüentava mais, chorava igual criança pequena e ficava aos soluços. Depois tinha sonhos esdrúxulos quando adormecia, e acordava aos pulos de madrugada, sem ninguém pra abraçar. 
E quando vinham os pesadelos então?!
Pra esses, ela nem precisava dormir. Eles estavam por toda a parte, vinham aos montes, às vezes mais de um ao dia, o que só a deixava ainda mais cansada.
Tudo o que ela queria era alguém que percebesse seu estado, a abraçasse forte e a fizesse se sentir segura. Mas talvez, isso fosse pedir demais...
A verdade é que no fundo ela estava só, e sabia disso. Talvez fosse necessário alguém que realmente a conhecesse, que soubesse lidar com ela, com seus imprevistos.
Alice é uma garota imprevisível. Não é para qualquer um.
Entretanto, pecava ao criar expectativas demais sobre as pessoas. Principalmente sobre aqueles que ela mais amava.
Amar não é fácil. Amar é se permitir fazer sofrer pelo outro e ainda assim continuar amando.
Mas às vezes, pairava a duvida: Será que valeria a pena tanto sofrimento?
Talvez fosse necessário alguém que estivesse na mesma sintonia que ela, alguém para compartilhar idéias, alguém que não fosse necessário se explicar sempre...
Um querer difícil...
Complicada como ela, querer alguém com estes atributos, era realmente, querer demais...
- “O sofrimento é certo para mim. Será eterno. Eu não me contento com o pouco e ainda busco o inimaginável. Achei tê-lo encontrado uma vez, mas agora parece que se perdeu, que não fala mais a mesma língua que eu. Só sabe me fazer promessas vagas... Sei que sou exigente, quero demais, exijo demais, vivo demais. E se isso me fizer viver com a solidão, então que ela venha e me lamba a face mais uma vez. Talvez ela seja mesmo a minha melhor amiga, meu cão guia... Ela não me promete nada! Quando quero alguém pra conversar, ela está lá... Para sair? Ela está lá. Para chorar? Ela está lá. Tal qual a morte, surda, que me ronda dia a dia, e eu não sei a hora que virá me beijar...”

Um comentário:

Anônimo disse...

Pesado