sábado, 6 de março de 2010

Chegou na faculdade na mesma hora de sempre, pegou o elevador e foi direto pra sua sala. Abriu a porta, acendeu as luzes, não havia ninguém. Resolveu tomar um ar e foi olhar a cidade na pequena ponte que ligava um lado do corredor a outro. Ultimamente andava tudo tão bem, que era até de se estranhar, tirando apenas, alguns fatores que lhe ocupavam a cabeça. Como diz o ditado, "as vezes a alegria de uns é a tristeza de outros", e ela se encontrava entre ambos. Feliz por um lado, fazendo alguém feliz ao lado dela, mas por outro, magoando corações que tinham seu nome tatuado a muito tempo. O que deveria fazer?
Resolveu ir beber uma água e assim que apontou no corredor, viu que ele a olhava com olhos interessados. Levou o maior susto, não esperava encontrar com ele ali. Ele acenou e deu um sorriso completamente sem graça, e ela retribuiu feliz em vê-lo e foi a seu encontro. Ele porém, estava arisco, a olhava com olhos de acusação, angústia e tristeza, aqueles olhos enormes, que só ela sabia como lê-los. Tentou trocar algumas palavras, ele retribuiu com respostas curtas e disse que já estava indo. Parecia que estava fazendo aquilo apenas para provocá-la, para que ela pudesse notar o quanto ele estava triste e mal, o quanto ela era a culpada por tudo aquilo. Então, desistiu de continuar tentando conversar com ele, deu um aceno breve seguido de um "tchau", virou as costas e voltou pra sua sala. Ficou pensativa até a aula acabar, uma angústia que esmagava o peito, uma culpa, meu Deus, que culpa enorme!
Ao chegar em casa, comeu alguma coisa, e como de costume, foi até o computador. Viu que ele havia atualizado seu site pessoal, e a curiosidade ardeu forte. Leu. Não conseguiu acreditar. Ele dizia ter saído com outra, estado com outra, beijado outra, mandado flores a outra. Ou seria a mesma de sempre? A mesma que ela sempre havia desconfiado? Enfim, o que importava? Aliás, como ele era capaz de fazer aquilo? Ela sempre tão preocupada com ele, com seus sentimentos e ele expunha as coisas assim, soltas no vento. O ar faltou forte, piscou, riu sem entender nada. Como ele podia fazer ela se sentir assim, tão mal, e conseguir ao mesmo tempo demonstrar paixão por outra pessoa? E pior, fazer como fazia quando era ela!
Sentiu uma mágoa enorme, uma tristeza sem tamanho, e decidiu que se era assim que ele preferia, melhor! Deixou de ver motivos para poupá-lo. Porém, de uma coisa, ela tinha certeza: não importa com quem ele ficasse, quem beijasse ou mandasse flores... era dela que ele ia lembrar...

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