sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Parece que não vai ter conserto, parece que não vai dar pra arrumar.
Medo e mais medo, todo dia, sempre antes de dormir, principalmente.
Eu sempre soube que não queria ter você longe, sempre soube que não queria que fosse embora, mas quem vai agora sou eu.
Não é pra muito longe, é verdade, você se demonstra seguro enquanto eu me desespero. Mas é porque você não imagina o conflito que está dentro de mim.
Não estar no mesmo espaço físico que você, não ter certezas concretas me assusta de um tamanho sem tamanho e apesar de parecer redundante dizer isso, não é.
O destino é tão irônico.
O medo é tão assustador Quixote. Será que o tremor das placas tectônicas do meu mundo fez com que ele se separasse do seu, fez meu mundo se mover?
Não queria ter que construir uma ponte...
Porquê as coisas acontecem assim logo agora? Porquê sempre tem que ser tão difícil para nós?
Quando eu digo “ vem comigo?” eu quero que venha mesmo, no sentido literal, que esteja lá fisicamente.
Quero você comigo, quero a nossa vida como é... não quero ir embora.
Vem comigo Quixote?
Vem comigo?

quarta-feira, 15 de setembro de 2010



Os tremores iam cessando com o tempo.
Parecia que a conversa que Alice havia tido com Quixote estava surtindo efeito, o que era bom. As coisas pareciam finalmente estar entrando os eixos, o que de vez em quando deixava Alice meio desconfiada... Pensava “será que ele vai ser assim pra sempre ou só está fazendo momentaneamente para me agradar?”
Não que Quixote estivesse fazendo aquilo de propósito, mas era humano também, não era?
Alice tinha muita vivência para saber de jeito certeiro que as pessoas não mudavam.  Podiam aprender novos comportamentos, mas a essência era sempre a mesma. Não queria forçar Quixote a fazer algo que ele não desejasse também. Ela perguntava a ele se se sentia incomodado fazendo tudo aquilo, mudando por ela, pra ela, e ele sempre sorridente dizia que não, que fazia de todo coração.
Claro que Alice ficava feliz ao ouvir aquilo, mas ao fundo vinha um pontadinha de culpa por ser assim tão exigente.
De qualquer forma, não podia negar que as coisas estavam indo muito bem. Quixote aparecia mais bonito a cada dia, com aqueles olhos de esmeralda cintilantes que tanto prendiam a atenção. E Alice, obviamente cada dia mais boba. Era uma delicia estar com ele, cada dia uma surpresa, uma novidade, um mundo novo...
Um dia desses, os dois conversavam no jardim tranquilamente. Já era noite, e tudo o que estava ao alcance deles era o cricrilar dos grilos e perfume das rosas... As rosas do mundo de Quixote!
- Posso lhe confessar uma coisa? – perguntou Quixote meio sem jeito.
- Claro o que quiser! – Alice olhou com interesse e sorria.
- Ando mais apaixonado do que nunca.
Alice corou. Se a luminosidade conseguisse fazê-la ser vista, ia ter se camuflado por entre as rosas de tão rubra que sua pele ficou.
- Jura mesmo? – Foi o que conseguiu dizer em um sussurro.
- Juro mesmo... – respondeu Quixote quase tão rosado de vergonha quanto ela.
E ficaram ali, juntos o resto da noite.
O que ele não sabia, é que ultimamente ela estava tão apaixonada quanto ele...