quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Era uma vez uma amiga...


Era uma vez uma amiga. Daquela, pra todas as horas.
Por mais estranha que fosse ela sabia ser amiga, coisa que atualmente anda difícil.
Essa amiga tinha um amigo. Ou ao menos julgava ter.
Ela realmente amava este amigo, o julgava seu melhor amigo.
Dava conselhos, engolia sapos (céus, quantos sapos!), tentava insistentemente marcar visitas que não aconteciam (anos de insistência), chorava quando brigavam, pedia para ele poupá-la de certos transtornos entre outras coisas.
Não duvidava que ele fosse capaz de fazer isto por ela, embora ela fizesse tudo com um afinco imenso. Mas esse amigo parecia não perceber seus esforços.
Estava tão cego por coisas inúteis, até mesmo egoístas, mesmo que fosse sem querer, ele a magoava. O pior é que magoava com coisas que já haviam conversado mais de uma vez.
Então a amiga começou a sentir-se idiota. Quem não se sentiria em seu lugar?
Começou a perceber que não havia via de mão dupla na amizade. Ela era intensa demais, enquanto ele... bom, ele estava cego, acomodado a situação talvez.
Claro que também era erro dela. Criava expectativas demais acreditando que ao conversar com ele, ele ficaria do lado dela. Ah, as expectativas, sempre as culpadas de tudo...
Então aquela mágoa começou a virar um nó no peito, como um novelo de lã que se perde a ponta e já não se sabe aonde seria o começo o meio e o final.
Chegou à conclusão que não era só uma amiga. Era uma amiga idiota. Lutava, suava e chorava sem desejar nada em troca e quando pedia pequenos favores, eram esquecidos com tamanha facilidade quanto ela.
Chegou à conclusão que era hora de parar, parecia estar lutando por uma causa perdida. Chegava de ir atrás de ajudar quem deixava claro não querer ajuda, chegava de conversar, de chorar pedindo pra ele, por favor, tomar cuidado com as atitudes e palavras.
Estava cansada de discursos como “não é porque gosto de você e é minha amiga que preciso citar seu nome ou falar com você 24h por dia”.
No fundo, tudo o que ela queria, era um pouco mais de consideração, e percebeu que isso não existia. Sua foto não estava em seu álbum por um desejo natural. Assim como tudo que a envolvesse, ela precisava pedir “poxa, coloca uma foto nossa lá!”.
Por que era diferente com outras pessoas? Aliás, ultimamente estava colecionando muitas mágoas. Só não imaginava ter mais esta pra colocar na estante.
Enfim, havia cansado. Ainda doía, claro que doía, era humana, era intensa, amava aquele babaca.
A conclusão final? Simples.
Não a deixe partir, ela pode nunca mais voltar.Como ela, existem poucas e o pior, é que você sabe disso.

sábado, 3 de novembro de 2012



E foi por uma ironia do destino que dando errado, as coisas deram certo e ela conseguiu enxergar além da cega luz que tapava seus olhos. 
Se sentiu tão tola, pois a luz que a cegava não servia nem para ser a luz do sol. 
Tudo era armado, planejado, milimetricamente calculado e ela caía inocentemente como um pato. 
Apesar de dizer as verdades mais duras, sempre havia sido sincera, mas naquele dia, sem querer, um encontro, um desvio, e a verdade escorreu pelo vão da máscara.
De inicio se sentiu catatônica. Depois idiota. 
Havia acreditado em cada palavra que aquela boca falsa proclamara, havia defendido aquele olhar mentiroso, havia acreditado em todas as histórias colocando em risco muitas vezes a própria vida.
Mas havia acabado. 
Ela havia visto, com os olhos que a terra há de comer, quem era aquele que dizia que a amaria para sempre, que lhe mandava cartas e rosas, que havia prometido que não iria desistir.
Um pequeno covarde que ao cruzar com ela quando vira a realidade, embranquecera como um fantasma e desviara dela como se desvia do tiro de uma bala, e fingira não a conhecer. 
A mulher que ele dizia amar eternamente.
Hoje ela sabia de tudo.
Não passava de uma mentira friamente calculada. 
Ela poderia não ser quem ele havia criado. 
Mas ele não era quem ela pensava o que tornava tudo muito pior. 
Ele era um mentiroso, covarde e mascarado, e ela não gostava disso.